O envelhecimento da população brasileira nas últimas cinco décadas tem aumentado rapidamente. Para muitas pessoas, esse assunto provoca arrepios. As mudanças vão além da aparência. A velhice é mais sentida quando associada a problemas de saúde, como perda da agilidade e da disposição para tarefas que exigem esforço físico.
Um dos maiores mitos médicos sobre o envelhecimento está o que diz que a velhice começa aos 65 anos de idade. Essa idade existe mais pela necessidade de estabelecer um limite exato para liberação de benefícios, aposentadorias e serviços para idosos no Brasil. O fato é que desde que nascemos começamos a envelhecer, mas para cada pessoa isso ocorre de forma diferente. O declínio físico na saúde do idoso é inevitável, junto com o aparecimento dos primeiros sinais de dependência. No entanto, associar a velhice apenas a perdas e vulnerabilidades é incorreto. O que determina nossa entrada na velhice está mais relacionado à como vivem os idosos no Brasil, nosso modo de vida, ambiente e situação social.
Ao longo da vida, cada pessoa vive suas mudanças de modo particular. O corpo vai gradativamente se desgastando, mas a mente pode se manter ainda ativa. Muitas vezes quando um idoso se aposenta, vai perdendo socialmente sua identidade, mergulhando numa espécie de limbo. A diminuição do poder aquisitivo, a solidão e a perda de identidade contribuem para enfraquecer ainda mais o idoso, já destituído de seus papéis sociais. A situação do idoso no Brasil é de rejeição quando a pessoa não mais produz e não gera riqueza. A sociedade aceita apenas o velho que ainda contribui de alguma forma para o crescimento, como políticos, artistas e criadores em geral, porque eles continuam como força atuante e modificadora.
Nas últimas décadas, políticas públicas para idosos foram direcionadas à integração do idoso na sociedade. Seguindo o estatuto do idoso, programas de promoção de saúde para idosos foram criados, onde a atividade física e serviços voltados para a terceira idade são oferecidos à população. A ideia é proporcionar mais direitos do idoso e estimular para que se sintam independentes e tomem suas próprias iniciativas. Quando a idade avança, a família deve estimular sua independência, valorizando a capacidade física e intelectual que ele ainda possui.
Envelhecemos como vivemos, nem melhor, nem pior. A capacidade do homem de reconhecer a limitação de sua existência e agir de acordo com essa descoberta pode ser sua maior riqueza. A natureza faz lentamente o seu caminho enquanto o corpo se adapta às limitações do tempo. Sem os prazeres da gula e da carne, restam possibilidades de substituição por outros. Ainda sim, o cuidado com o físico é essencial para a sensação de segurança e bem-estar do idoso.