Existem situações em que apenas uma cirurgia pode salvar a vida de uma pessoa. Isso não descarta o risco de morte, principalmente quando se trata de cirurgia em um idoso. Os riscos das cirurgias em idosos são muito maiores, tanto para complicações quanto para mortes, não importa quão simples ou rotineiro seja o procedimento.
Cirurgia do fêmur, cirurgia para retirada do apêndice, histerectomia ou outros tipos comuns de cirurgias feitas em idosos, têm o risco aumentado, principalmente em idosos institucionalizados residentes de casas de repouso. As cirurgias de cólon e de úlcera são as que possuem maior índice de morte em idosos, quase a metade vai a óbito por conta desses procedimentos.
Com o avançar da idade, o sistema imunológico é abalado e o organismo não funciona como o de um corpo mais jovem, dificultando a recuperação de uma cirurgia. No caso de idosos dependentes e mais fragilizados, as cirurgias e os hospitais são lugares para se evitar sempre que possível.
A preocupação já começa na anestesia, mas os maiores riscos das cirurgias nos idosos são insuficiência cardíaca, insuficiência renal, trombose, embolia pulmonar, infecção urinária e obstrução intestinal. Tais complicações diminuem bastante em cirurgias programadas, porque são feitas com acompanhamento médico e todos os procedimentos pré-operatórios. Idosos com diabetes e problemas cardíacos recebem ainda mais atenção, com exames minuciosos.
O tempo de permanência para idosos dentro do centro cirúrgico também é motivo de preocupação, por isso a Sociedade Brasileira de Cirurgia não recomenda cirurgias muito longas em idosos debilitados. Nos casos de cirurgias de emergência em idosos, como cirurgia de apendicite ou de retirada da vesícula, os riscos são grandes para infecções e hemorragias.
Decidir por uma cirurgia de emergência em idoso é sempre uma situação dolorosa, pois o risco de complicação ou morte durante a cirurgia e no pós-operatório é grande. Ao contrário de diagnósticos de câncer de mama ou de próstata, em que o paciente e sua família podem levar alguns dias para descobrir o melhor caminho terapêutico.
Boa parte dos idosos acamados que ficam internados por longos períodos enfrenta muita dificuldade de recuperação das suas capacidades físicas e mentais, mesmo quando a doença que os levou ao hospital é tratada com sucesso. Por esse motivo, a qualidade de vida do idoso após uma cirurgia deve sempre ser considerada pela equipe médica e membros da família, especialmente se o idoso estiver muito dependente. É preciso avaliar o estado de saúde do idoso, chances de recuperação e alternativas para evitar a cirurgia.
De qualquer forma, a função dos profissionais de saúde é salvar vidas. Mas, quando se trata de um público tão especial quanto o paciente idoso, é muito importante considerar as outras variáveis como se a cirurgia no idoso vai afetar suas funções cognitivas, quais os riscos de morte durante o procedimento, se depois será possível que o idoso viva de forma independente e capaz de cuidar de si mesmo e quais as chances dele manter uma boa qualidade de vida após a cirurgia.